Um pouco sobre as crenças afro-brasileiras
- Chris Kelly
- 17 de jan. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de jan. de 2022

Os orixás são divindades da mitologia iorubá (nagô) reverenciadas por adeptos das religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda. Foi Olorum, o deus supremo iorubá, quem criou os orixás, deuses que governam todos os aspectos da vida e da natureza. Existem mais de 200 orixás na mitologia iorubá, mas nem todos são cultuados no Brasil.
Para os adeptos das religiões afro-brasileiras, cada pessoa está vinculada a um ou mais orixás, que atuam como deuses protetores ou guardiões. Durante os cultos e as festas, os orixás são invocados, deixando sua morada sobrenatural (orum) para se manifestar aqui na terra (aiê) através do corpo de seus filhos.
Como foram criados os orixás?
Segundo a mitologia iorubá, o criador dos orixás e de todo o mundo é Olorum, o Deus Supremo.
Houve um tempo em que o Céu e a Terra estavam juntos, de modo que homens e deuses coabitavam o mesmo espaço.
De acordo com o livro Mitologia dos Orixás, de Reginaldo Prandi, certo dia, cansado da sujeira e do desleixo dos homens, Olorum decide separar definitivamente Orum e Aiê, afastando os deuses do convívio com os seres humanos. A partir de então, os seres humanos ficavam impedidos de ir a Orum, e os deuses de ir à Terra.
Depois de um tempo, os deuses ficaram tristes e procuraram Olorum. Eles queriam poder voltar a conviver com os seres humanos e participar das aventuras e brincadeiras de outros tempos.
Olorum então permitiu que os orixás voltassem à Terra de vez em quando, impondo-lhes a condição de que isso fosse feito através dos corpos de seus devotos.

Quais são as linhas da umbanda?
Outra religião afro-brasileira muito importante é a umbanda, surgida no Rio de Janeiro no início do século XX. O que caracteriza essa religião é a mistura, a síntese. Manteve o culto aos orixás da religião iorubá, mas introduziu elementos novos, vindos do kardecismo e do cristianismo, sobretudo no que diz respeito aos valores morais, à caridade e à noção de um mundo dividido entre forças do bem e do mal.
Há na umbanda o culto a entidades humanas que são lideradas pelos orixás. Essas entidades (ou guias espirituais) são espíritos de antepassados, tipos sociais brasileiros que têm um importante papel no cotidiano dos umbandistas. Eis algumas delas:
Caboclo
Preto-Velho
Boiadeiro
Marinheiro
Zé-Pelintra
Baiana
Pombagira
Trazido pelos africanos escravizados, o culto aos orixás nunca teve vida fácil no Brasil. Durante a colonização, a imposição das crenças europeias foi uma ameaça constante a essa tradição. O sincretismo religioso (a associação de divindades africanas a santos católicos) é resultado de uma estratégia de sobrevivência cultural utilizada pelos negros escravizados.
Os 20 principais orixás das religiões afro-brasileiras são:
Olorum (Orum): É também chamado de Olodumare o Deus Supremo, ele é o criador dos orixás e responsável pela divisão entre o mundo sobrenatural, Orum, e o mundo dos homens, Aiê.
Oxalá: criador do mundo e da humanidade.
Xangô: orixá do trovão e da justiça.
Iemanjá: orixá feminina relacionada às águas salgadas.
Exu: divindade mensageira.
Ogum: orixá guerreiro.
Oxum: orixá das águas doces.
Oxóssi: divindade da caça.
Iansã: senhora de eventos climáticos como os raios, os vendavais, as tempestades e os trovões.
Obaluaê (Omulu): orixá curandeiro, senhor das pestes e das pragas.
Oxumarê: orixá do movimento, da transformação, dos ciclos naturais (como as estações do ano e o ciclo dia/noite) e da continuidade da vida.
Nanã: orixá anciã, participou da concepção do mundo, ao lado de Oxalá. Está associada ao barro, elemento a partir do qual foram feitos os seres humanos.
Logunedé: orixá da caça e da pesca associado ao amor e à fraternidade.
Ossaim (Ossanha): orixá das plantas e das ervas medicinais.
Obá: orixá feminina também está relacionada às águas, símbolo do poder feminino.
Oxaguiã: é um orixá da criação, ao lado de Odudua e Oxalá. É o criador da cultura material.
Odudua: orixá que criou a Terra. Além da criação deste mundo, também se atribui a Odudua o primeiro governo na Terra.
Ibejis: orixás gêmeos, protetores das crianças.
Onilé: Senhora da Terra ou mesmo Mãe Terra. Também conhecida como Aiê, Onilé é a deusa que não só representa mas governa o nosso planeta atualmente.
Orunmilá (Ifá): é o orixá do oráculo ou deus da adivinhação.
Curiosidade: babalaôs são os sacerdotes que conduzem as práticas divinatórias do oráculo de Orunmilá.
Como as riquezas do mundo foram divididas entre os orixás?
Para entender como ada orixá recebeu a sua parte da natureza, é preciso lembrar o mito de Onilé, um dos mais belos e importantes da mitologia iorubá.
O Deus Supremo, Olorum-Olodumare, preparou uma reunião para distribuir as riquezas do mundo entre todos os orixás. Assim, todos eles deveriam comparecer com suas melhores roupas e ornamentos. E todos compareceram ricamente vestidos, cada um exibindo uma qualidade especial.
Diante da dificuldade da decisão, Olorum resolve acatar as escolhas que cada orixá já havia feito. Assim, Iansã, vestida com o vento e enfeitada com os raios, tornou-se governadora das tempestades. Iemanjá, vestida com a espuma do mar, tornou-se a Rainha do Mar. E foi dessa forma que cada orixá recebeu a sua parte.
Onilé a Senhora da Terra ou mesmo Mãe Terra, no entanto, não havia aparecido na reunião. É filha de Olorum, portanto estava no palácio de seu pai. Mas por ser extremamente tímida, escondeu-se numa cova que ela mesma abriu no chão. Por estar vestida de terra, recebeu de seu pai o governo do planeta, que é a casa de toda a humanidade.
Comentários